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Mariana Coelho, a Beauvoir tupiniquim

Se muitas das mais importantes pautas da atualidade, por vezes, são atacadas e deixadas de lado por quem tem o “poder”, imagine ter voz e ser atuante no final do século 19 e início do 20. 

No campo das artes e da literatura não era (é) diferente.

Diante de tal contexto, uma das personalidades que se destaca por seus ideais e sua obra é a escritora Mariana Coelho – patrona da cadeira n. 30 da Academia Paranaense de Poesia e da cadeira n. 28 da Academia Feminina de Letras do Paraná.

Feminista declarada, em sua obra, a autora destacava a opressão sofrida pelas mulheres das mais diversas classes sociais. Algumas pesquisas acadêmicas a denominam como, “Beauvoir tupiniquim”, em referência à escritora francesa Simone de Beauvoir.

Nascida em Portugal, desde os 14 anos de idade já possuía o hábito da escrita. Por volta de 1893, chega a Curitiba, onde se estabelece até a data de sua morte.

Mariana defendia que as mulheres deveriam ter uma participação mais ativa na sociedade, além do acesso à educação e a ocupação de espaços públicos. Integrou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, participando dos congressos feministas de 1922, 1933 e 1936.

Porém, ser uma mulher atuante no meio intelectual trouxe algumas consequências. Parte dos leitores e literatos não se sentiam confortáveis em receber críticas da autora, gerando uma série de intempéries nos jornais da cidade. Por isso, Mariana encontrou certas dificuldades em se inserir no meio “intelectual” curitibano.

Claro que isso não a abateu; ela continuou lecionando e escrevendo. Em 1902, na fundação da Loja Maçônica Filhas de Acácias, foi oradora e pronunciou sua consagrada obra: Discurso. No mesmo ano, fundou e dirigiu o Colégio Feminino Santos Dumont (1902 – 1917).

Sua obra, O Paraná Mental, publicada em 1908, alcançou o segundo lugar na Exposição Nacional Comemorativa do 1.º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil. Já no  3.º. Congresso de Geografia do Estado do Paraná, em 1911, foi a única mulher atuante entre os representantes do Paraná.

Por volta do ano de 1933, publicou, A Evolução do Feminismo, que é considerada a obra de maior destaque da autora. A obra viria posteriormente a influenciar a criação do Centro Paranaense Feminino de Cultura.

Ainda em 1933, tornou-se diretora da Escola Profissional República Argentina (atual Centro-Estadual de Capacitação Guido Viaro). Na ocasião, proferiu a palestra “Um Brado de Revolta contra a Morte Violenta”, obra póstuma publicada em 1956.

Outras obras de destaque de Mariana Coelho são Linguagem, de 1937; Cambiantes: contos e fantasias, de 1940.

O que escalda o peito meu,
Com intenso cauterio, 
É o assombroso mysterio
Desta verdade: - morreu.
            MARIANA COELHO

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