Pode parecer estranho, mas utilizar um aplicativo de inteligência artificial no smartphone para apreciar artes visuais está se tornando uma prática cada vez mais comum.
Isso se deve, em grande parte, às mudanças nos hábitos culturais desde a pandemia de COVID-19, que afastou muitas pessoas de eventos artísticos presenciais, como visitas a museus, espetáculos teatrais e sessões de cinema.
De acordo com um relatório recente, menos da metade dos adultos americanos participou de um evento artístico ao vivo em 2022, e as visitas a museus, que já eram limitadas antes da pandemia, tornaram-se ainda mais raras.
Entretanto, enquanto os espaços físicos de apreciação da arte enfrentam desafios, a internet e os smartphones continuam a ocupar um espaço central na vida das pessoas. Com 95% dos norte-americanos usando a internet regularmente e 90% possuindo um smartphone, surge uma nova oportunidade: (re)conectar o público com as artes através de dispositivos móveis.
Diversas startups estão percebendo essa tendência e desenvolvendo soluções inovadoras que unem tecnologia e arte de maneira única. A Rebind Publishing, por exemplo, oferece uma plataforma de leitura interativa, onde os usuários podem dialogar com chatbots especializados em análise literária, tornando a experiência de leitura mais dinâmica e acessível.
Outra iniciativa é a da Jumbo Mana, que criou uma versão digital e interativa de Vincent van Gogh. Nessa inovação, os visitantes de uma exposição no Museu D’Orsay, na França, podem fazer perguntas ao famoso pintor, agora trazido à vida pela inteligência artificial.
Outro exemplo é o StoryShop.ai da Orson, que permite que você crie sua própria narrativa. O sistema coleta histórias dos usuários através de entrevistas automatizadas e, em seguida, compila e edita esses trechos em um documentário personalizado.
Mas a influência da IA vai além de apenas novas formas de interação. Ela está sendo utilizada na preservação e análise de obras de arte e artefatos históricos.
Tecnologias avançadas, como a aprendizagem de máquina, estão sendo empregadas para ler pergaminhos de dois mil anos de Herculano, que sobreviveram à erupção do Monte Vesúvio.
Vale lembrar que a IA tem ajudado na reconstrução de partes perdidas de pinturas antigas, como as obras de Rembrandt, permitindo uma apreciação mais completa dessas peças históricas. O Google Arts & Culture, por exemplo, utilizou inteligência artificial para recriar as cores originais de uma pintura de Gustav Klimt, oferecendo ao público uma visão renovada dessas obras.
Essas tecnologias transformam a maneira como preservamos e estudamos a arte, mas também estão moldando novas formas de interação e engajamento com o público.
Elas possibilitam experiências artísticas imersivas e acessíveis, ao mesmo tempo em que oferecem novas ferramentas para a criação, restauração e apreciação das artes.
Em um mundo onde a distância social se tornou uma norma, essas tecnologias estão ajudando a preencher a lacuna entre o público e a arte, criando uma ponte digital que pode redefinir nossa relação com a cultura visual.
Assim, a inteligência artificial não está apenas mudando a forma como consumimos e interagimos com a arte, mas também como a preservamos para as gerações futuras.