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Como os videozinhos também TikTokearam a música

Na edição anterior do Lambrequim, destacamos que a indústria da música permanece em constante transformação. 

Dando continuidade ao tema, veremos que as mais recentes mudanças no panorama musical estão sendo impulsionadas não apenas pelos serviços de streaming, mas principalmente pelas redes sociais — em especial pelo TikTok.

Além de influenciar o comportamento social, o que nos interessa aqui é notar que a rede social tem influência sobre o mercado da música, ditando as paradas musicais e, obviamente, o comportamento auditivo dos usuários. 

Em 2020, a Billboard notou que a rede impulsionou novos artistas da empresa Sony. Já a Columbia tratou logo de contratar artistas que viralizaram na rede. Ainda em 2019, a empresa de medição e análise de dados Nielsen, destacou que nenhum outro serviço colaborou tanto para a explosão de músicas como o TikTok

Resumindo, estamos em um período em que a música é feita por demanda. E é justamente esse tipo de música (quer você goste ou não) que torna a rede social viral, com mais de 1,23 bilhões de usuários — e contando. 

Estima-se que um a cada cinco usuários passe ao menos 5 horas por dia na rede, média já superior à do YouTube. E como você deve saber, onde tem gente, tem mercado em potencial. Ao menos essa é a lógica utilizada pelas corporações e, não diferente, pela indústria da música. 

Empresas voltadas para esse mercado estão oferecendo serviços (pagos) para músicos independentes, como por exemplo, pacotes com acesso a uma série de ferramentas online para a produção e distribuição de faixas.

Entre elas está a Rapchat, uma empresa que oferece o uso gratuito de um estúdio de gravação online e, é claro, com um pacote de assinaturas. Já a empresa Splice cobra dos usuários pelo acesso a uma biblioteca de amostras livres de royalties e ferramentas de produção musical, com uma assinatura mensal. 

A Music Breakr conecta influenciadores de mídia social com artistas para divulgar sua música. O mesmo serviço é oferecido pela UnitedMaster. E por último, a Flighthouse chama a atenção por oferecer serviços voltados especificamente ao TikTok

O aumento das produções, a relativa facilidade de fazer música em um smartphone e a explosão de popularidade dos vídeos curtos, em sua imensa maioria acompanhados de música, podem fazer de um artista pouco conhecido um sucesso da noite para o dia.  

Músicas que se tornam parte das tendências ou desafios de dança (muito populares na rede) impulsionam músicos emergentes, bem antes que qualquer gravadora perceba. Além disso, são também comuns os casos em que as músicas se tornam populares porque um músico pagou a algum influencer para promover sua música em suas contas.

O já citado Music Breakr trabalha com cerca de 40 mil artistas e surpreendentes 10 mil influenciadores. A empresa recebe 10% de cada um desses acordos para a promoção das faixas musicais. Uma postagem pode custar entre 75 e 10 mil dólares

Para finalizar, deixaremos algumas questões para reflexão. A indústria da música na atualidade tem obrigado músicos a sacrificar a expressão artística pela lucratividade? É possível que faixas musicais maiores, fora dos padrões on-demand, obtenham o mesmo alcance e, por conseguinte, o mesmo sucesso que as faixas curtas? Se, apenas se, este tipo de música sempre foi um produto em forma de arte, as fórmulas atuais não são apenas uma maneira encontrada para entregar este produto ao público consumidor?


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