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Mas afinal, o que é Conhecimento?

Segundo o dicionário de definições Oxford Languages, o conhecimento é o ato ou efeito de conhecer, ato de perceber ou compreender por meio da razão e/ou da experiência.

E, ainda: o somatório do que se conhece, um conjunto de informações e princípios armazenados pela humanidade.

Para a filosofia, trata-se do ato ou faculdade do pensamento que permite a apreensão de um objeto, por meio de mecanismos cognitivos diversos e combináveis, como a intuição, a contemplação, a classificação, a analogia, a experimentação etc.

Segundo Pereira et al. (2018): “Desde o seu nascimento o homem interage com a natureza e os objetos ao seu alcance, observando as relações sociais e culturais no meio em que vive.” 

Para a autora, é através da observação e da sua interação com as pessoas e os objetos que o homem adquire conhecimento. Este, por sua vez, pode ser adquirido de diversas formas: sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e intuição, por exemplo. 

A palavra conhecimento vem do latim cognoscere, que significa “ato de conhecer”. Desta forma, o ato do conhecimento possui dois elementos básicos

  • O sujeito (cognoscente): é o indivíduo capaz de adquirir conhecimento ou o indivíduo que possui a capacidade de conhecer; 
  • O sub-objeto (cognoscível): é o que se pode conhecer.

Sendo assim, o conhecimento pode ser representado e classificado de formas diferentes: popular (senso comum), teológico, mítico, filosófico e científico.

Segundo Tartuce (2006), no ser humano: “[…]o desejo de saber é inato.” Portanto, “[…] em seu ato de conhecer […] os fenômenos agem sobre os seus sentidos, ele também pode agir sobre os fatos, adquirindo uma experiência pluridimensional do universo.”

O conhecimento científico é diferente dos demais tipos de conhecimentos existentes. Segundo Lakatos e Marconi (1991): “O conhecimento empírico, popular ou vulgar é transmitido de geração em geração por meio da educação informal e baseado na imitação e na experiência pessoal.”

Desta forma, segundo as autoras, podemos definir que o conhecimento científico é: “[…] aquele conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos.”

Por conseguinte, o conhecimento científico visa “[…]explicar ‘como’ e a razão pela qual os fenômenos ocorrem.” O senso comum, em suma, “[…]não se distingue do conhecimento nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido. O que diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do conhecer.” 

A fim de evidenciar cada tipo de conhecimento, vejamos as suas particularidades: 

O conhecimento popular

É o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos. É também chamado de conhecimento empírico. 

Para Babini (1957) o conhecimento popular: “É o saber que preenche nossa vida diária sem a pesquisa, o estudo ou a aplicação de um método, ou seja, sem a reflexão sobre algo”. 

Para Lakatos e Marconi (1991), o conhecimento científico se diferencia do científico por ser: 

  • Superficial – conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas; 
  • Sensitivo – referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
  • Subjetivo – é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos;
  • Assistemático – a organização da experiência não visa a uma sistematização das ideias, nem da forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las.

Portanto, o conhecimento popular é adquirido através de simples deduções e sem provas concretas, ou seja, é um conhecimento falível e inexato. Entretanto, pode ser verificado, pois se trata de coisas ligadas ao dia a dia. Por exemplo:

Chá de boldo cura problemas no fígado? 

Você já deve ter ouvido falar que se tomar um chá de boldo logo a dor vai passar. Este é um bom exemplo de conhecimento popular. A tradicional receita foi repassada de geração em geração, sem que as pessoas soubessem de fato o princípio ativo do boldo e suas propriedades hepatoprotetoras e coleréticas.

O conhecimento filosófico 

Surgiu a partir do abandono da mitologia como forma de explicar a realidade. A curiosidade e a vontade de conhecer gerou a necessidade de desenvolver explicações lógicas e racionais a partir capacidade humana de refletir e criar conceitos e ideias.

Segundo Lakatos e Marconi (1991), o conhecimento filosófico possui as seguintes características: 

  • É valorativo, ou seja, seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não na experimentação;
  • Não verificável, ou seja, os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados nem refutados;
  • É racional, portanto, consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados;
  • É sistemático, desta forma, suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade;
  • É infalível e exato — suas hipóteses e postulados não são submetidos a teste
  • da observação, experimentação. 

Ainda segundo as autoras: “A filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo.”

Qual é a origem da humanidade? 

Para exemplificar uma das possibilidades do conhecimento filosófico, é correto afirmar que este apoia-se em diferentes teorias lógicas e racionais para explicar o fenômeno da origem da humanidade. 

Por exemplo: Tales de Mileto acreditava que o elemento água é o princípio para tudo que existe. Para Pitágoras, este elemento são os números.

O Conhecimento Teológico

Segundo Lakatos e Marconi (1991), o conhecimento teológico: “Apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural. “

Desta forma, dizemos que se trata de uma espécie do conhecimento que versa sobre sistemática do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. 

Por conseguinte, suas evidências não são verificadas, ou seja, não há a necessidade de verificação científica para que determinada “verdade” seja aceita sob a ótica do conhecimento religioso.

Ainda segundo as autoras: “O conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem [sic] em revelações da divindade, do sobrenatural.”

No conhecimento teológico, acredita-se que a religião é a verdade absoluta (em alguns casos a única verdade), sendo assim, possui as explicações para todas as indagações que permeiam a mente humana.

Um exemplo comum de conhecimento teológico, é a afirmação de que tudo e todas as coisas foram criadas por alguma divindade. 

O Conhecimento Científico

Este conhecimento está relacionado com a lógica e o pensamento crítico e analítico. É o conhecimento que temos sobre fatos analisados e comprovados, de modo que sua veracidade ou falsidade podem ser comprovadas.

Segundo Lakatos e Marconi (1991) o conhecimento científico possui as seguintes características:

  • É real, factual, ou seja, lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo; 
  • É contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico;
  • É sistemático, uma vez que, o saber é ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos; 
  • É verificável, ou seja, as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência;
  • É falível, já que não é definitivo, absoluto ou final; 
  • Por fim, é aproximadamente exato, visto que, novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

A Terra é plana? 

Não. O conhecimento científico já provou que o planeta Terra é redondo e que gira em torno do sol. 

Para concluir

Mais importante do que constatar que o conhecimento pode se apresentar de diversas formas é saber que nem tudo que está na internet é conhecimento — pelo contrário, mesmo o conhecimento religioso demanda tempo para ser construído.

Até mesmo as argumentações mais bem elaboradas podem conter informações mentirosas — e definitivamente, mentiras e conhecimento não combinam.

Da próxima vez que você receber alguma informação duvidosa, procure outras fontes, de preferência diferentes da fonte que você recebeu a informação. Construa a sua própria base de conhecimento.


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