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Mascar chiclete pode silenciar músicas grudentas na cabeça!

Sabe quando uma música gruda na cabeça e parece impossível de esquecer? Esse fenômeno, conhecido como earworm, acontece com a maioria das pessoas pelo menos uma vez por semana. O termo vem do alemão Ohrwurm, que significa literalmente “verme de ouvido”, e descreve essas melodias insistentes que se repetem mentalmente mesmo quando a gente não quer mais ouvi-las.

Às vezes elas duram só alguns minutos, mas em casos mais extremos podem incomodar por dias. Uma pesquisa feita na Universidade de Reading, no Reino Unido, encontrou um jeito curioso e simples de lidar com isso: mascar chiclete.

Os pesquisadores descobriram que o ato de mastigar pode interferir nesse tipo específico de memória sonora.

Em um experimento, voluntários ouviram músicas bastante populares e depois foram instruídos a não pensar nessas músicas por alguns minutos. Enquanto isso, alguns deles mascaram chiclete, outros batiam o dedo na mesa, e um terceiro grupo não fez nada.

Aqueles que estavam mastigando relataram pensar menos nas canções e também “ouvirem” menos essas melodias dentro da cabeça. A diferença foi significativa: mascar chiclete reduziu em até um terço a frequência com que a música (re)aparecia mentalmente.

Essa descoberta se baseia em pesquisas anteriores que já mostravam como o movimento da mandíbula ou mesmo o ato de articular palavras pode atrapalhar a chamada “fala interna” — aquele monólogo silencioso que fazemos o tempo todo com a gente mesmo.

Como a lembrança de uma música grudenta também envolve essa área da mente ligada à linguagem e à audição imaginada, mastigar parece ocupar esse espaço e dificultar que a música continue ecoando.

Além de ajudar quem sofre com músicas insistentes, os cientistas sugerem que mascar chiclete pode ter um efeito mais amplo, ajudando a reduzir pensamentos indesejados, especialmente aqueles que chegam em forma de sons — como falas, frases ou lembranças sonoras.

Embora o estudo não afirme que o chiclete seja uma cura milagrosa, ele abre caminho para pensar em formas simples de lidar com certos incômodos mentais. E, se isso for confirmado em novas pesquisas, talvez técnicas parecidas possam ser úteis inclusive em tratamentos para pessoas que convivem com pensamentos intrusivos mais graves, como nos casos de transtorno obsessivo-compulsivo.

No fim das contas, o que parece só um hábito cotidiano (mascar) pode ter efeitos inesperados no modo como nossa mente funciona.


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