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Olá, enfermeira artificial!

Como se fosse retirado das páginas de um romance de ficção científica, onde a tecnologia avançada e as soluções inovadoras são a norma, a realidade nos surpreende com sua própria versão de inovação médica futurista. Inspirado talvez pela ideia de assistentes robóticos e inteligências artificiais que frequentemente povoam essas narrativas, o mundo real começa a explorar possibilidades semelhantes. 

Recentemente, a Nvidia anunciou uma colaboração com a Hippocratic AI, marcando um passo significativo na integração de enfermeiras de IA no sistema de saúde. 

Essas enfermeiras virtuais são programadas para realizar tarefas de cuidados de suporte, facilitando desde orientações pré-cirúrgicas até conselhos pós-recuperação, exemplificados em um vídeo promocional que demonstra uma IA orientando um paciente em sua recuperação pós-operatória.

A proposta surge, segundo a matéria, como uma resposta potencial à escassez de enfermeiros, oferecendo uma alternativa financeiramente viável. A Hippocratic AI destaca que seus serviços custam aproximadamente $9 por hora, contrastando com o custo mais elevado da mão de obra humana que, conforme o Bureau of Labor Statistics (BLS), o salário médio de uma enfermeira registrada em cerca de $38,74 por hora.

No entanto, essa inovação não é isenta de controvérsias. 

Críticos, como o sindicato National Nurses United, argumentam que a escassez de enfermeiros não se deve a questões salariais, mas sim a condições de trabalho insustentáveis que levam à saída de profissionais e a greves. Além disso, o alto custo e o consumo energético da tecnologia necessária, como o chip Nvidia H100, que custa entre $30.000 a $40.000, também são pontos de debate.

No campo médico, a IA já demonstrou seu potencial, especialmente em ferramentas de diagnóstico. Contudo, especialistas, professores e pesquisadores, advogam que, enquanto a IA pode servir como um recurso auxiliar valioso, é crucial que os seres humanos mantenham o controle das decisões finais

O medo do público em relação à substituição completa do atendimento humano por máquinas é palpável. Uma pesquisa do Pew Research Center indica que uma significativa maioria dos americanos se sentiria desconfortável com a intervenção da IA na medicina, especialmente nos cuidados de saúde mental.

À medida que a fronteira entre a ficção científica e a realidade se torna cada vez mais tênue, a implementação de enfermeiras de IA no sistema de saúde nos desafia a reconsiderar os limites da tecnologia na medicina. Ao abraçarmos esse futuro tecnológico, devemos também fortalecer o diálogo entre desenvolvedores, profissionais de saúde e o público, garantindo que a evolução da assistência médica seja uma jornada compartilhada, marcada não só pela inovação, mas também pela compaixão e pelo respeito à dignidade humana.


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