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Quem pesquisa quem pesquisa?

Salvo raras exceções, Aramis Millarch por exemplo, ninguém. Embora pesquisadores espalhados por todos os cantos do país tenham dedicado suas vidas para resgatar e documentar histórias, raríssimos casos são lembrados. Soa como ironia que, aqueles que tanto contribuíram para a formação cultural, não possuam suas próprias biografias.   

Nossa coluna de hoje traz uma pequena contribuição à construção e preservação da memória biográfica de uma das mais importantes pesquisadoras da história das Artes no Paraná. Estamos falando de Roselys Vellozo Roderjan. 

O acervo pessoal da prof. Roselys foi encaminhado para o Arquivo Público do Paraná algum tempo depois de seu falecimento, em 16 de dezembro de 2004. Este acervo, constituído de 291 livros e 40 caixas-arquivo, contém documentos manuscritos avulsos, impressos e documentos em formato audiovisual. 

Mas quem foi Roselys Vellozo Roderjan? 

Descendente de Dario Vellozo (era neta do Pitagórico), Roselys atuou por 32 anos como professora, a maior parte do tempo na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap, hoje Unespar campus 1). Suas pesquisas sobre o folclore e a cultura paranaense são referência para todo e qualquer um que deseja estudar sobre a arte paranaense.   

Filha de professores, Roselys nasceu em 6 de abril de 1927, em Curitiba (PR). Realizou os estudos primários e secundário nas antigas instituições Escola Normal de Curitiba e Ginásio Paranaense, respectivamente. Em seguida realizou o Curso Científico no Colégio Partenon. 

Após a conclusão do curso, em 1946, Roselys passou a ministrar no Magistério Público do Estado do Paraná, onde atuou até 1963. No ano seguinte, completou o curso superior, formando-se em História pela Universidade Federal do Paraná. Paralelamente, entre 1947 e 1978, lecionou no Curso Normal do Instituto de Educação do Paraná. 

Neste período, Roselys desenvolveu uma extensa pesquisa sobre o ciclo do tropeirismo. Sua hipótese aponta para a possibilidade dos paranaenses terem colonizado parte dos dois estados mais ao sul do país

Uma das raras fotos encontradas no imenso binário.

Dentre as mais de 30 obras sobre folclore e música paranaense publicadas por Roselys, destacam-se Meio Século de Música de Curitiba, na qual a autora realiza um estudo pioneiro sobre a música em Curitiba, trabalho este que servirá com uma pedra fundamental nas pesquisas desenvolvidas futuramente; Bento Mossurunga, um músico do Paraná e Cem Anos de Mossurunga, trabalhos em que são realizados levantamentos detalhados sobre a vida e a obra do compositor. 

Destaca-se ainda uma produção da década de 1960, em parceria com Inami Custódio Pinto, intitulada Gralha Azul. Trata-se de um álbum com músicas recolhidas por todo o Paraná.  

Com o objetivo de resgatar e preservar as histórias da cultura paranaense, Roderjan vincula-se a instituições de mesmo intuito, promovendo discussões acerca do folclore, música e do “valor da tradição”. Das instituições destacam-se: o Instituto de Educação do Paraná, Secretaria de Educação e Cultura do Paraná, Centro Paranaense Feminino de Folclore, Comissão Paranaense de Folclore (instituição na qual atuou como presidente) e a Comissão Nacional de Folclore. 

Devido sua grande contribuição para a cultura paranaense, Roselys foi convocada para atuar junto à Fundação Nacional das Artes (FUNARTE). Entre os anos de 1976 e 1982, Roselys desenvolveu uma série de projetos voltados à pesquisa do folclore brasileiro

Por enquanto, finalizamos a nossa contribuição. Desejamos que a coluna de hoje sirva de estímulo e apoio para as futuras investigações de pesquisadores que, assim como nós, reconhecem a necessidade de preservar a memória daqueles que foram os pioneiros.


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