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Apreciando a música brasileira feita pelas mulheres: uma lista

A apreciação musical é uma das formas mais instigantes de escutar e avaliar criticamente a música, representando um processo que vai além da mera audição. Essa prática nos conduz à compreensão dos diversos aspectos e elementos que formam uma obra, englobando não só elementos musicais, como melodia, harmonia e ritmo, mas também os contextos históricos, sociológicos e culturais que moldam sua criação e interpretação.

Ao apreciar a música, nos envolvemos em uma análise detalhada de como esses fatores se combinam para criar uma obra singular, refletindo sobre as intenções do compositor, as interpretações dos artistas e a evolução do gênero ou estilo musical. Esse processo não apenas amplia nossa percepção e entendimento da música como arte, mas também aprofunda nossa experiência, conectando-nos mais intensamente com as nuances e a própria essência musical.

Essa experiência pode ser enriquecida ao explorarmos o legado de figuras emblemáticas da música popular brasileira. Em nossa breve lista, destacamos algumas dessas artistas cujos estilos únicos e contribuições inestimáveis têm moldado decisivamente a identidade da música brasileira.

A intenção não é elaborar biografias completas, mas sim apresentar de forma concisa essas personalidades que marcaram nossa história.

Lia de Itamaracá, nascida em 1944 na Ilha de Itamaracá, Pernambuco, é uma renomada cirandeira e cantora brasileira, conhecida como “Rainha da Ciranda”. Ela se destacou no cenário nacional com a canção “Ciranda da Rosa Vermelha” e é uma figura emblemática na promoção da Ciranda, uma dança folclórica do Nordeste do Brasil. Além de sua contribuição artística, Lia também é ativa no apoio à cultura e iniciativas comunitárias em sua região, sendo um símbolo vivo da riqueza cultural nordestina.

Selma do Coco foi uma cantora, compositora e percussionista brasileira, destacada figura no gênero Coco, um ritmo tradicional do nordeste do Brasil. Nascida Selma Ferreira da Silva em 1928 em Olinda, Pernambuco, ela ganhou notoriedade no cenário musical pela sua autenticidade e energia nas apresentações. Selma do Coco começou sua carreira na música de forma tardia, mas rapidamente se tornou uma referência no Coco, contribuindo significativamente para a preservação e divulgação desta manifestação cultural. Seu legado inclui não apenas a promoção do Coco, mas também o fortalecimento da identidade cultural nordestina através da música.

Tia Ciata, cujo nome real era Hilária Batista de Almeida, foi uma figura seminal na história da música brasileira, especialmente para o nascimento doSamba. Nascida em 1854 na Bahia e posteriormente radicada no Rio de Janeiro, ela foi uma das mais importantes influenciadoras da cultura afro-brasileira na cidade. Como matriarca de uma das casas de Samba mais influentes no início do século XX, Tia Ciata contribuiu significativamente para o desenvolvimento do Samba carioca, hospedando reuniões em sua casa onde músicos se encontravam para criar e tocar. Suas festas foram fundamentais para a formação do Samba como um gênero musical, combinando ritmos africanos com influências locais. 

Chiquinha Gonzaga foi uma compositora, pianista e maestrina brasileira, nascida em 1847 no Rio de Janeiro. Ela é reconhecida como a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e uma das pioneiras na luta pelos direitos autorais dos compositores. Chiquinha Gonzaga compôs mais de 2.000 peças musicais, incluindo polcas, valsas, tangos, e especialmente o gênero de “Choro”, sendo “Ó Abre Alas” (1899) uma de suas obras mais famosas. Ela rompeu barreiras sociais e culturais da época, enfrentando preconceitos por ser mulher, divorciada e envolvida com a música popular e o teatro. 

Dalva de Oliveira foi conhecida por sua voz poderosa e emotiva. Nascida em 1917, destacou-se no cenário musical brasileiro especialmente nas décadas de 1940 e 1950. Dalva se tornou ícone do Samba-Canção e do Bolero, sendo uma das vozes mais emblemáticas do rádio brasileiro. Com sucessos como “Ave Maria no Morro” e “Que Será?”, ela deixou um legado de intensidade e paixão na música brasileira, marcando sua era com performances memoráveis até sua morte em 1972

Elizeth Cardoso era uma cantora extraordinária, nascida em 1920, que se tornou uma das vozes mais expressivas e respeitadas da Bossa Nova e do Samba. Sua carreira ganhou destaque na década de 1950, e é frequentemente lembrada por sua participação no histórico álbum “Canção do Amor Demais” de 1958, que é considerado um marco na história da bossa nova. Elizeth possuía uma técnica vocal refinada e uma capacidade interpretativa única, o que lhe garantiu um lugar de prestígio na música brasileira.

Clara Nunes a pequena notável, nascida em 1942, foi conhecida por sua voz cristalina e suas interpretações emocionantes de Samba. Ela se destacou na música brasileira nas décadas de 1970 e 1980, tornando-se uma das maiores intérpretes do Samba e da MPB. Clara uniu ritmos afro-brasileiros e elementos culturais em suas canções, contribuindo significativamente para a popularização do Samba e das tradições afro-brasileiras na música popular, com sucessos como “Conto de Areia” e “O Mar Serenou”. 

Elis Regina foi uma cantora de extraordinária expressão e talento. Sua carreira foi marcada por uma voz poderosa e interpretações carregadas de emoção. Elis se destacou nas décadas de 1960 e 1970 com performances intensas que tocavam profundamente o público. Com uma habilidade única para interpretar diversos gêneros, deixou um repertório de interpretações diversificado e influente, incluindo clássicos como “Como Nossos Pais” e “Águas de Março”. 

Estas artistas extraordinárias, cada uma com sua voz e estilo únicos, não apenas enriqueceram o patrimônio musical do Brasil, mas também inspiraram gerações e gerações.

Agora pegue seu fone de ouvido e boa escuta!


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