Lambrequim logo newsletter

a newsletter de cultura e tecnologia da Têmpora Criativa

O fim das músicas longas e os ditames dos streamings

Muito antes do surgimento de serviços de streaming costumávamos ouvir música no rádio ou comprando um Compact Disc. A grande mudança começou a ocorrer por volta de 1999, com a chegada do Napster, um software de compartilhamento de arquivos. 

Podemos afirmar que o Napster foi o protótipo para os modelos utilizados pelos serviços de streaming de música da atualidade. Além das mudanças na forma de consumo da música, os aplicativos também alteraram a forma como os artistas recebem seu rico dinheirinho.   

Antes, uma parcela do lucro vinha das vendas de CDs. Agora, o dinheiro vem do número de vezes que a faixa é transmitida. Só para você ter uma ideia, o Spotify paga uma fortuna entre 0,00331 e 0,00437 dólares por stream

Embora os valores sejam irrisórios, esta é uma das maneiras mais efetivas de um músico arrecadar dinheiro. Isto porque, a receita dos serviços de streaming em 2020 representa aproximadamente 83% do mercado da música.

O impacto das transformações proporcionadas pelos serviços de streaming altera também a duração das músicas. Como os artistas agora recebem pagamentos por meio do fluxo de execução das faixas individuais, quanto mais curta a música, mais vezes os ouvintes terão que apertar o botão de repetição. Ou seja, mais plays é igual a mais dinheiro. 

Em 2019 a empresa Ostero realizou um estudo que constatou que em 1998 as faixas de maior sucesso tinham uma duração média de 4’16’’. Já 2019, esse tempo passou para 3’03’’. 

Nos EUA, a Billboard catalogou uma grande mudança em 2019. Eles relataram que em abril daquele ano, as faixas entre as dez primeiras da lista das 100 melhores do site foram em média 30 segundos mais curtas do que no ano anterior. 

Isso ocorre devido a forma que o algoritmo trabalha, privilegiando as faixas mais curtas. No Spotify, por exemplo, se sua faixa tem mais de 3’15’’ de duração, você corre o risco do ouvinte não a escutar até o final, fazendo com que a sua classificação diminua e que a sua faixa não apareça nas listas de reprodução selecionadas do serviço. 

Se, por um lado, pular uma faixa pode indicar um nível de insatisfação dos ouvintes, para os criadores de música é a diferença entre receber algum trocado ou não. Por isso, não basta apenas você compor uma música e postar esperando retorno; é preciso aprimorar os estudos tanto musicais — como teoria, harmonia, contraponto, arranjo, composição — quanto do mercado ao qual você almeja.  

Se as empresas agregadoras estão de olho nos dados, números e resultados, cabe aos músicos que almejam um bom rendimento nessas plataformas estarem por dentro do seu funcionamento.  

Caso você tenha interesse em aprimorar seus conhecimentos na área da música, seja ele teórico, prático ou mercadológico, basta entrar em contato ou responder este e-mail.  Na próxima edição do Lambrequim, continuaremos o assunto. Veremos como as mais recentes transformações na indústria da música estão sendo impulsionadas através das redes sociais, em especial pelo TikTok.


Publicado

em

por