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a person holding a book with fire

tiro livro

uma arma e um livro na mesa a mesma ladainha a mesma discussão a mesma briga se infiltrando que fica difícil

lutar esbravejar combater

mais fácil fingir já olhou o céu a luz a lua a flor que lindos que lindos que simples nada de honrarias de justificativas de imortalidades de premiações e está

tudo bem não está

mas a gente finge. finge pra não capitalizar desdém e continuar tentando alguma coisa que a gente não sabe o que é mas vai tentando tateando esboçando                           

um mantra:

livro escola cultura biblioteca educação

repita na ordem que quiser todas as vezes por dia

mercado do livro encolhe 39% nos últimos 16 anos mercado de armas cresce 473% em quatro anos o brasil já importa mais armas do que lápis do que ferros de passar do que bicicletas todos itens populares

diz a matéria 

até poderia ser uma falácia mas 

não. uma arma e um livro na mesa qual gera mais renda e pra quem

transformar estandes de tiros em bibliotecas vira chacota usar amor como arma vira chacota porque amor não mata em festa de aniversário antimito amor não dá exemplo

só tonteia

mas um tiro bem dado esse sim um tiro bem dado clareia as ideias olha a eficácia de um tiro do lado de um amontoado de ideias o autor do disparo mesmo anônimo é 

canonizado 

no medo na dúvida na voz que pergunta quem matou

quem matou Marielle

?

o autor de um tiro é sempre o autor de um tiro e basta que acerte uma vez a mira para que todos reconheçam sua pontaria mas o autor de uma frase de uma ideia de um livro é só um nome

um nome diluído que não lembramos nem quando nem onde nem porque porque lembrar é atribuir repetir reconhecer comprar cheirar reler falar porque lembrar

é.

mas uma ideia nunca morre (ou

é assim que a gente se agarra nas nossas pra não desmoronar)

uma ideia nunca morre por isso o cara quebra placa vira deputado ganha medalha da ABL e diz que foi pelos serviços que prestou

ao país 

se uma ideia nunca morre isso vale pra qualquer ideologia então é bom matar logo todos que as disseminam ou

pior:

deixar os contrários com muito, muito medo

se uma ideia nunca morre os sensatos que se cuidem porque os extremados estão

e reagem com suas armas e suas línguas de fogo com seus orçamentos secretos e suas canetas bic com seus matam e desmatam destroçam e desovam

com justificativas.

das duzentas medalhas cinco foram devolvidas. você pode revirar a internet que não encontra os nomes dos 195 condecorados mas dizem que a lista tem um monte de gente que sabe mais de tiro do que de livro confira as fotos

na mesa:

uma arma um livro e um monte de gente sem comer.


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